Os distúrbios da sexualidade desempenham um papel de grande importância na vida dos indivíduos, criando situações de pânico e de descontrole emocional. O renomado escritor russo Leon Tolstoi afirmava que o homem sobrevive aos terremotos, às epidemias, aos horrores da doença, e a todas as agonias da alma, porém a maior tragédia de todos os tempos foi, é e será, a tragédia do quarto de dormir. Essa tragédia pode se configurar de várias maneiras. A incapacidade de ter ereção é a mais comum. Quando o homem sempre a teve – considerada primária – e ocorre antes dos 40 anos de idade, geralmente é de origem psíquica, quando aparece após uma fase de normalidade, – dita secundária – e em idade mais avançada, é para se pensar em causa orgânica. Isso é apenas uma regra genérica. Uma boa semiologia ajuda a diferençá-las: as orgânicas, além do fator idade referido e da temporalidade, são de aparecimento lento e as psicológicas surgem quase de súbito, de maneira inesperada. Tudo vinha bem e, de repente, uma broxada que pode desencadear um processo em cascata fazendo com que a pessoa perca a confiança em si mesma e crie o fantasma do medo, do receio. Será que vai acontecer de novo? Se for para cama com esse pensamento negativo, cria-se o cenário propício à tragédia tolstiana. Todo homem tem direito a uma broxada ocasional, tudo dependendo das circunstâncias e do estado emocional.
A diabete, mexendo com nervos e vasos, – o que os entendidos designam de neurovasculopatia – é uma causa muito comum de disfunção erétil. Às vezes a primeira manifestação clínica da diabete. A maioria das próteses que implantei foi nesses pacientes. Doençinha perigosa e traiçoeira! Não brinque com ela: siga religiosamente a orientação de seu endocrinologista. Problemas outros inerentes ao envelhecer têm configuração de proeminência. Não é rara nos empresários ou quaisquer profissões que exijam preocupação intensa, excesso de trabalho. São os estressados da vida que podem inclusive apresentar distúrbios hormonais com deficiência de testosterona. Em média 50% dos pacientes submetidos a prostatectomia radical para câncer de próstata, desenvolvem impotência erétil, não importando qual o método usado (ressalte-se que as cirurgias robóticas ainda não dispõem de dados estatísticos suficientes para uma avaliação adequada).
O tratamento da impotência depende do fator causal. Existem hoje em dia várias opções, seja por meio dos comprimidos milagrosos conhecidos de todos (os inibidores da fosfodiesterase), injeções de drogas vasoativas (prostaglandina, papaverina, fentolamina) diretamente nos corpos cavernosos do pênis ou implantação de prótese peniana.
Oportuno salientar que os medicamentos e as injeções não se constituem em cura definitiva. Funcionam como os analgésicos para dor de cabeça: resolvem momentaneamente.
A falta de libido, ou perda do apetite sexual, tem como causas mais freqüentes a depressão, o estresse e o hipogonadismo ou andropausa (menopausa masculina) – tema ainda polêmico dentro da urologia! – e o desajuste entre os casais. A ejaculação precoce é o mais comum dos distúrbios ejaculatórios e sua origem é o mais das vezes psíquica. O uso de antidepressivos ajuda temporariamente e as injeções das drogas vasoativas não têm indicação, como apregoado. O desaparecimento do orgasmo, ou ausência do gozo, é o distúrbio mais difícil de resolver, não existindo para ele um tratamento específico.
A verdade é que essas pessoas afetadas por alterações no comportamento sexual ficam fragilizadas com a perda da auto-estima e, extremamente vulneráveis, tornam-se presas fáceis aos procedimentos inadequados e até mesmo prejudiciais. Entregam-se de corpo e alma ao que se lhes é aconselhado. Infelizmente nem todos respeitam o Artigo 9º do Código de Ética Médica que reza: "A Medicina não pode, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, ser exercida como comércio."
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